Careca paga meio corte?
- Naerton Flores
- 6 de ago.
- 2 min de leitura
Existe uma máxima no mundo da barbearia que poucos ousam dizer em voz alta, mas muitos já pensaram:
“Se o cliente tem metade do cabelo… será que não merecia pagar só metade do corte?”
A resposta, caro leitor, é um sonoro não.
E não é por uma questão de tabela de preços ou de justiça fiscal entre as tesouras.
É porque cortar o cabelo de um homem em processo de calvície é uma arte. E uma arte exige técnica, sensibilidade e, acima de tudo, visão estética.
Sim, visão. Porque o que parece “só um fiapo aqui e ali” para os desavisados, é, para um barbeiro de verdade, um campo de possibilidades.
A ciência do pouco (mas bem cortado)
A calvície não chega como quem bate na porta e avisa: "Oi, posso entrar?".
Ela se instala sorrateira, sutil, às vezes começando pelas entradas, às vezes pelo redemoinho lá atrás — e, muitas vezes, por ambos. Cada fase desse processo pede um olhar apurado, quase clínico, que saiba entender as proporções do rosto, os volumes naturais da cabeça, o formato do crânio, e o que ainda resiste bravamente no campo capilar.
É nesse momento que entra o profissional que não se limita a apenas cortar, mas que interpreta, reposiciona, valoriza. Ele não está apenas aparando o que sobrou, mas esculpindo uma imagem de si mesmo que ainda transmite força, presença e autoestima.
Porque o corte certo, mesmo com pouco cabelo, muda tudo. Deixa o cliente mais leve, mais seguro, mais bonito. E o mais importante: deixa claro que ele se cuida. Porque autocuidado não é só creme no rosto e roupa bem passada. É também saber que, mesmo com os fios indo embora, a elegância continua aqui, firme.
Barbeiro ou terapeuta capilar?
Um bom barbeiro não é só mão firme com a tesoura. Ele é também aquele que escuta, aconselha, entende o drama das entradas que aumentam mais que o dólar e das piadas do grupo de amigos.
Ele sabe sugerir, com jeitinho, que talvez seja hora de parar de tentar disfarçar o inevitável com aquele penteado estilo “combover” digno de novela mexicana.
Ele indica o corte mais adequado para a fase atual da calvície, fala sobre produtos, sobre como aceitar a nova fase com estilo.
Ali, entre a espuma da nuca e o toque final com a navalha, muitas vezes nasce uma conversa franca, um empurrãozinho de confiança, e até um incentivo para o cliente finalmente assumir a careca com orgulho. Porque, vamos combinar, tem careca por aí que é puro charme.
No fim das contas…
O que o cliente leva da barbearia não é só o corte.
É a sensação de que ele foi bem tratado, respeitado em sua individualidade, compreendido em sua transformação estética — e, de quebra, saiu de lá mais bonito do que entrou.
Portanto, respondendo à pergunta que dá título a este texto:careca paga o corte inteiro?
Claro que paga.
Porque o que ele leva é muito mais do que cabelo aparado, é autoestima em alta.
Se seu cabelo pode até estar mudando, mas sua autoestima continua sendo prioridade.
Vem pra Black Dog e veja como a gente transforma até os poucos fios em muito estilo.







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